quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Renovada

O relógio acima do criado-mudo marcava seis horas quando o alarme tocou e ela com a impaciência matinal de qualquer ser humano se levantou para desligá-lo.Seu rosto inexpressivo mostrava o quanto ela estava infeliz, nada mudaria naquele dia, como nos outros anteriores. Mais uma vez acordada a mesma hora, abrindo os olhos sobre o mesmo teto, e sempre com o pensamento rotineiro de compromissos profissionais. No que ela havia se tornado? Em uma simples mortal, sem importância nenhuma para a sociedade, sem importância nenhuma para si mesma. Sem nada para amar ou alguém por quem ser amada.

Que diferença iria fazer se ela partisse naquele minuto, quem saberia?

Vivendo num mundo monótono e assassino em que ela mesma criou, se vendo morrer aos poucos, todos os dias. Até quando desperdiçaria seus anos, seus dias e suas horas, sofrendo sozinha, e vivendo apenas pelo fato de não ter outra saída a não ser viver?
Sua alma vazia ansiava por uma chance, sua oportunidade de refazer sua vida.
Calçou seus sapatos, e pela primeira vez em anos permitiu-se ver a luz da manhã invadir seu quarto escuro. Abriu as janelas e absorveu o calor intenso do sol pela manhã, uma pequena chama se acendeu dentro de seu interior, fechou os olhos para que pudesse sentir... Ela sorriu, e esse foi o sinal do primeiro passo de sua nova vida.



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