quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que lhe faltava


E ela se levantou na penumbra que a madrugada trazia, e se colocou de frente com a lua que soberana, iluminava o grande céu. Com a janela entreaberta ela sentiu, como nunca havia sentido antes - talvez pela impaciência de viver - a brisa tocando sua pele. Ela soprava fria e calma como se trouxesse um convite à sua alma perturbada.
"Venha comigo e lhe mostrarei" ela parecia lhe dizer.
A dúvida e o medo a invadiu, mas ela soube que era apenas sua reação ao misterioso chamado. Dentro de seu peito o órgão mais forte de seu corpo pulsava alertando-a de como aquilo poderia ser perigoso. Mas ela não queria ouvir. Então permitiu a si mesma sentir a liberdade fluir em seu interior. Seja lá qual fosse o recado que seu coração lhe passasse, naquele momento ele seria esquecido.
Não foi em vão que ela despertou no meio da noite, havia algo que a vida estava querendo lhe mostrar e ela jamais perderia essa chance.
Abriu os vidros de sua janela, que mais pareciam portais, portais que a levaria a uma nova etapa de seu eterno aprendizado. E a lua apareceu, majestosa e alva, tão bela que conseguia a hipnotizar. Seus olhos percorreram a rua escura e deserta, nada, ninguém que pudesse a interromper. Fechou os olhos e inspirou todo o ar, a fragrância de jasmin era forte e a trouxe lembranças. Uma onda forte de emoção a percorreu, era como o calor do verão que aquece e conforta, mas também era intenso e prazeroso como a paixão que transforma os sentidos e destrói as razões. Ela agora desconhecia qualquer razão ou qualquer pequena presença de sua consciência. Ela não queria pensar, não podia, isso a desviaria de seu foco. Ela tinha pouco tempo e estava sentindo o desejo tomando sua alma, seu corpo enfraquecendo, mas com essas sensações a certeza de ter tocado seu objetivo, e isso a manteve de pé.
O silêncio da noite e a brisa suave que se encontrava com as folhas das árvores complementavam aquele momento. O cenário estava formado, a personagem inteiramente completa em seu papel, e toda alegria presente dentro de um único ser. Enfim a sentira, depois de anos reprimindo-a ela se permitiu sentir. Tudo o que lhe faltava para ser ela mesma, ela atingiu naquela noite a verdadeira alegria, a certeza de estar viva!

Assim como é certo que nenhum ser por mais perfeito que seja pode viver sem dúvidas sobre seu verdadeiro 'eu', também é certo de que ela talvez jamais saiba o que, ou quem a despertou aquela noite para alcançar o seu maior objetivo.

2 comentários:

  1. Olá writer! Parabens pelo blog. Gostei muito desse texto, você consegue se aprofundar bem nos detalhes emocionais da personagem, fazendo com que o leitor sinta a mesma coisa! Parabens mesmo!

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  2. Obrigada Lucas, agradeço pelos elogios

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